A partir de uma definição ampla de Estética, sinestesia visual, auditiva, sonora e tátil, serão abordados aqui temas ligados, sobretudo, às manifestações religiosas, míticas e artísticas. Imagens, metáforas, poéticas, como ilustrações e reflexos humanos no mundo e no Outro Mundo, também conhecido como Elphame.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A estética do movimento - Parte I



Roda do Ano: que sentido faz?

Por que continuarmos a ritualizar? Por que os pagãos e bruxos modernos, em especial os wiccanos, continuam a seguir a Roda do Ano (ver definição AQUI) que é precisamente a marcação de rituais sazonais? Alguns, bruxos ou não, podem argumentar que essas práticas parecem defasadas já que serviram no passado como uma forma religiosa de regulação dos ciclos de fertilidade da natureza, bem como a influência dos astros nesta fertilidade, nas boas ou más colheitas; e hoje vivemos supostamente independentes desses ciclos. 
A vida “artificial” moderna enganosamente pode conferir essa certeza aos que creem sejam essas práticas rituais retrógradas, mas estes se esquecem que basta um evento fora do previsto para que plantações inteiras possam ser perdidas. Já experimentos controlados no campo agrícola para reproduzir artificialmente as condições de plantio e colheita em ambiente artificial – por exemplo, no deserto, visando povoar outros planetas – mostraram-se um desastre. Ou seja, a força que comanda os ciclos e marés da vida e da morte – eis o que é afinal a fertilidade dos campos em sentido amplo para esses povos – não pode ser reproduzida pelo ser humano. Então, esta questão, fundamental para a bruxaria (moderna ou tradicional) deve ser observada com mais cuidado.
De onde vêm essas crença e prática humanas cuja finalidade última é tentar controlar os ciclos de fertilidade, nem que seja por intermédio da “adulação” aos deuses, ou da conexão e integração às leis da natureza?


A Antropologia, bem como a História das Religiões, já rebuscaram a caminhada do humano primitivo em seus ritos, crenças e práticas ancestrais e mostraram que naqueles tempos, especificamente no humano coletor e nômade, a dependência da natureza era uma condição, um ponto pacífico. A terra, a natureza, o planeta era de fato a mãe que alimentava e acolhia seus filhos durante a vida e depois era seu leito de morte. Essa era a condição simples e fundamental. Pergunto: no que isso de fato mudou? Não plantamos em outro planeta, nem em nenhum outro elemento que não advenha deste; mesmo em laboratório é com água (pelo menos) que se regam as plantas e se hidratam os seres. Continuamos, sem sombra de dúvidas, deste planeta, absolutamente dependentes. Portanto, o rito da Roda do Ano e suas outras denominações, conserva plenamente sua razão de ser.


As marés e os ciclos: a estética do movimento

Para além do sentido material, as marés e os ciclos da natureza têm importância metafórica e espiritual tão ou mais importante, pois espelham a própria condição humana. Indubitavelmente há o sentido psicológico das conexões sazonais, mas quero falar do aspecto estético/poético dessas práticas.

Continua...

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